quarta-feira, 2 de março de 2011

Zé do Bote


Zé do bote, Zé do bote

Tu que conheces o rio
Na calma e no desvario
Como as tuas próprias mãos
Diz-me lá, ó Zé do bote
Quantas ondas tem a sorte
Quantas dores tem um pão
Quantos sustos tem a morte

Ó Zé do bote no trabalho pedes meças
Desde migalho de gente se o pão é duro e salgado
Não encalhes o teu bote no areal das promessas
Pois, Zé do bote, quem o teu rio não sente
Não pode estar do teu lado; puxa as redes com cuidado
Zé do bote, Zé do bote

Não aprendeste nos livros
A manejar as palavras
Dos que te evndem o peixe
E o sangue quente e vivo
Mas sabes do rio que lavras
Na quilha do teu arado
Teu corpo útil não deixes
Ser na lota arrematado

João Dias / Mário Moniz Pereira

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