quarta-feira, 2 de março de 2011

A canção da rosa branca

 

Eu penso em ti logo ao nascer d'aurora
E quando o dia vai chegando ao fim
Nunca me esqueces, e dormindo embora
Sonho a ventura de te amar assim
Antes de ver-te, flor do céu caída
Nem me recordo como então vivi
Nem já me atrevo a suportar a vida
Vivendo um dia sem pensar em ti

Ó rosa branca delicada e pura
Que ideal brancura... que mimosa côr
Lembras um astro que do céu tombasse
Que por mim poisasse... na roseira em flor
Se o teu olhar iluminado e casto
Poisa em meus olhos reflectindo o céu
Quanto mais fujo, quanto mais me afasto
Mais perto vejo o teu olhar no meu

Ó rosa branca luminosa e viva
Linda rosa esquiva... meu amor fatal
Só podem anjos fabricar sózinhos
Com montões de arminhos... uma rosa igual
Quando esta vida se apagar, serena
Ao recordar-me quanto amei em vão
Ó desdenhosa, o que me faz mais pena
É ir pensando que te esqueço, então

Ó rosa branca, meu amor primeiro
Tu não tens canteiro... tu não tens jardim
Porque me chamas, porque não respondes
E porque te escondes a chamar por mim
Mas sob a campa, meu amor não finda
Verás senhora, se eu ouvir teus ais
Abrir os olhos para ver-te ainda
Morrer de novo, se te não vir mais

Ó rosa branca porque me chamaste?
Para que roubaste toda a fé que eu tinha?
Serena e fria como a luz da lua
Que brancura a tua, que desgraça a minha

João Vasconcelos e Sá / António Pinto Basto

Nenhum comentário: