terça-feira, 12 de abril de 2011

Rosas

Para as rosas, escreveu alguém,
                                                                    o jardineiro é eterno.
E que melhor maneira de ferir o eterno
que mofar das suas iras?

Eu passo, tu ficas;
mas eu não fiz mais que florir e aromar,
servi a donas e a donzelas, fui letra de amor,
ornei a botoeira dos homens, ou expiro no próprio
arbusto, e todas as mãos, e todos os olhos me trataram
e me viram com admiração e afeto.

Tu não, ó eterno;
tu zangas-te, tu padeces, tu choras, tu afliges-te!
A tua eternidade não vale um só dos meus minutos.

Machado de Assis



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